Baile compassivo
Um pra lá e um pra cá, repetidas vezes para fazer uma reverencia,
sorriso com piscadinha, coração a mil, sem deixar transparecer nervosismo, meia
lua, vários olhares cheios de julgamentos e incertezas, num deslumbre pelo salão
mais admiradores num embalo sem volta, viaja pelo ar, podendo sentir cada parte
do seu corpo como numa engrenagem completa, fazendo de sua alma um gigantesco
palco.
Num estrondo delicado esta ao chão, sem ser um tombo apenas mas uma
parte de uma coreografia ensaiada milhares de vezes até ao exausto diário,
nesse momento visualiza olhos reconfortantes em meio a tantas críticas
enaltecendo ainda mais seu brilho e glamour, pés leves e firmes deslizam
fazendo até os quadris mais duros quererem se requebrar, com medo, respira
fundo e solta com destreza, mostrando que incertezas do passado já passaram e
que não abalam mas suas órbitas.
Em seus movimentos enaltece aplausos, sorrisos e confiança, que
jamais pensou em ter, sem se esquecer que ali mesmo já teria sofrido pelas mesmas
agonias que agora, trocando lágrimas e soluços de tristeza enchem os pulmões e
em cada suspiro abre mais o sorriso girando sem se perder, tendo se perdido por
completo para se tornar ainda mais si mesma.
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